Há duas semanas atrás eu fui para o Rio.Planejava esta viagem há alguns meses para ficar uns dias ao lado de uma tia muito querida que fez parte ativa da minha vida desde a infância.Ela está muito doente, com uma degeneração neurológica.A pessoa pára de andar, de movimentar os braços, de deglutir e até de respirar, mas a consciência continua intacta, ou seja, a pessoa tem plena noção do que está acontecendo com o próprio organismo e não há nada a se fazer a não ser esperar a hora que o organismo entre em falência.É muito triste, angustiante.Porém, a minha estada ao lado dela foi muito boa, proveitosa, como sempre foi.O que choca é o que você vê.Como uma pessoa ativa, que sempre gostou de tocar piano, ir a concertos, estudar e ler, está completamente incapacitada fisicamente.A cabeça continua a mesma,rica, culta e a conversa flui agradável.Tem horas que nem lembrava das limitações dela a não ser na hora de andar, levantar da cama e comer.Ela está encarando tudo de forma muito natural e de frente.Admirável.Em nenhum momento ouvi palavras depressivas ou revoltadas.Somente conversa realista, sobre a vida e a morte.
Não quero causar uma impressão triste ou deprimente com este post.Mas, esta é mais uma situação na minha vida que me leva a reafirmar e repensar o valor da nossa passagem aqui neste planeta.E vejo que estou pensando certo.Temos que viver intensamente, fazer e curtir quem você ama, ter o livre arbítrio de ser feliz.Despir-se de mediocridades, egoísmos,mesquinharias e superficialidades...simplesmente viver da melhor forma possível, longe de conflitos, competições ridículas e valores pífios.Temos que estar acima destes pequenos valores para que a vida valha realmente a pena, relevar muita coisa e manter-se afastado de situações ou pessoas que procuram te magoar.
Portanto, decidí que imigrar para mim não é nem nunca foi um caminho para glórias financeiras.Estou a procura do "meu canto" onde eu possa viver tranquilamente, curtindo a minha casa, a minha família, a "minha rua", a"minha" cidade, a "minha" vizinhança, o "meu" parque,respeitando e sendo respeitado como cidadão.Acima de tudo isso, quero aprender muito.Aprender uma nova cultura e mergulhar de cabeça nela.Definitivamnte quero viver e levar o melhor desta vida quando tiver que partir.Assim como minha querida tia está fazendo...